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Artes 

Monstros marinhos para todas as épocas

O cinema tem uma longa tradição de monstros marinhos - afinal, tudo começou no tempo dos filmes mudos, com Georges Méliès

Tubarões é coisa que não tem faltado nas últimas décadas do cinema. Só o filme que Steven Spielberg realizou em 1975 deu origem a três sequelas que, em boa verdade, nada tinham que ver com a excelência do original; Tubarão 3, única realização assinada pelo cenógrafo Joe Alves, apostou mesmo, porventura de forma premonitória, no formato 3D. Isto sem esquecer o fenómeno Sharknado, série de telefilmes produzidos a partir de 2013, para o canal Syfy, que parece fundamentar-se mais numa variação paródica do que numa lógica de remake.

Curiosamente, ainda que efémera, a primeira moda cinematográfica em torno de monstros marinhos está também ligada à história das três dimensões. Foi em 1954 que surgiu O Monstro da Lagoa Negra, realizado por Jack Arnold que, através da utilização do 3D, ficou como um dos primeiros sinais de uma guerra comercial que teria os seus capítulos decisivos na década de 60: recorrendo aos mais diversos "suplementos" técnicos, Hollywood tentava contrariar a perda regular de espectadores (que preferiam ficar em casa a assistir a uma novidade chamada televisão). Foi também em 1954 que, do Japão, surgiu o primeiro Godzilla, de Ishiro Honda, figura dantesca que, das profundezas dos oceanos, emergia como um fantasma da ameaça nuclear.

Na estatística deste tipo de filmes, é mais que provável que a maior fatia de títulos pertença aos domínios da série B. De qualquer modo, as aventuras no fundo dos mares ficaram consagradas por algumas grandes produções que, em épocas distintas, marcaram o mercado cinematográfico: lembremos os casos emblemáticos de The Deep (1977), de Peter Yates, e The Abyss (1989), de James Cameron - ambos foram lançados entre nós com o título O Abismo.

O fascínio das aventuras com monstruosos seres marinhos remete-nos, afinal, para as origens do próprio cinema: inspirando-se em Júlio Verne, 20 000 Léguas Submarinas, de Georges Méliès, é um prodígio de imaginação rodado em 1907. Mais de um século depois, alguns técnicos de efeitos especiais teriam interesse em conhecer o seu sentido de narrativa e espetáculo.

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