APLOP em foco

POR LUÍS SOUSA

VI Congresso da APLOP - Bloco de Notas (5)

O segundo dia de trabalhos do VI Congresso da APLOP teve início com o quarto painel de oradores dedicado ao tema "A Aposta no Conhecimento - Tecnologias de Informação, Comunicação e Formação", tendo sido moderado por Francisco Venâncio, Presidente do Porto de Luanda (Angola).

O moderador deu início às palestras com destaque aos três projetos em discussão de elevado interesse para as comunidades portuárias e não só, o primeiro relacionado com a formação no domínio das tecnologias de informação, um segundo sobre segurança marítima e por último o caso de sucesso da Janela Única Portuária nos Portos Portugueses.

A primeira apresentação intitulada “Projetos de Formação para a CPLP - O Caso da Escola Náutica Infante D. Henrique" (ENIDH), esteve a cargo de Abel Amorim, Diretor da ENIDH (Portugal).

Numa breve caracterização da ENIDH, Abel Amorim referiu que a escola apresenta uma robusta dinâmica de crescimento do número de alunos, atingindo 700 inscrições em 2012. Uma forte aposta na credibilidade académica e profissional e uma crescente abertura ao exterior, nomeadamente ao meio empresarial e outras instituições de ensino superior, tem permitido uma taxa de cerca de 90% de empregabilidade aos seus alunos.

Segundo o Diretor da ENIDH, irá continuar a aposta no “desenvolvimento e aprofundamento dos laços de cooperação, através do reforço da ligação com os países de língua portuguesa, tendo em vista a colaboração científica e técnica, nas áreas de intervenção e de formação da ENIDH, bem como intensificar a vinda de estudantes daqueles países”.

A Escola pretende manter a colaboração e o envolvimento em projetos de modernização das infraestruturas portuárias e sua gestão especializada, criando novas oportunidades de participação de profissionais dos diferentes Países da APLOP e de um modo geral, aproveitar sinergias, o conhecimento científico e a capacidade organizativa da ENIDH.

A segunda comunicação da manhã foi da responsabilidade de Henrique Gouveia e Melo, Presidente do Observatório de Segurança Marítima (OSM) (Portugal), tendo como tema a "Segurança Marítima".

O presidente do OSM, referindo que a segurança marítima numa perspetival holística é decisiva para a utilização sustentável do mar com fins económicos, considerou existirem três vertentes a luz das quais a mesma deve ser analisada: a segurança contra acidentes, proteção contra atos intencionais e o salvamento no mar.

O objetivo final das regras de segurança marítima é evitar perdas humanas e materiais por acidente e preservar o meio ambiente, de forma a manter a continuidade das atividades relacionadas com o mar. Por este motivo estas possuem um carácter essencialmente preventivo, não descurando em caso de acidente, as ações reativas e na sequência destas a realimentação do sistema baseado na investigação exaustiva das causas dos acidentes.

O terrorismo e a pirataria é uma das maiores ameaças à atividade marítima, por via da crescente sofisticação que os perpetradores utilizam, principalmente em ações que visam navios utilizados nas principais rotas de comércio internacional. Este tipo de ameaça ao transporte marítimo tem vinda a exigir à NATO e a diversos países, o emprego de meios navais de guerra, no sentido de proteger o normal desenrolar do mesmo.

Henrique Gouveia e Melo finalizou com uma referência ao importante Sistema de Busca e Salvamento Marítimo (SAR), cuja finalidade é a preservação da vida humana quando em perigo no mar. A área SAR de responsabilidade portuguesa é uma das maiores do mundo e equivale a 63 vezes a superfície do território nacional. Apesar disso Portugal apresenta uma taxa de sucesso neste tipo de operação de 95%, superior á de referência que é a da Guarda Costeira norte americana, situada atualmente nos 93%.

Marinho Dias, da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), representando a Associação dos Portos de Portugal (APP), levou a cabo a terceira e última comunicação do IV painel do congresso, respeitante ao "Projeto da Janela Única Portuária em Portugal".

Mais do que focar-se num mera apresentação da Janela Única Portuária (JUP) enquanto a plataforma que serve hoje para agilização e simplificação dos procedimentos portuários, o orador considerou mais importante abordar aqueles que serão os próximos desafios neste domínio, no centro dos quais estão os clientes.

Como primeiro aspeto a salientar Marinho Dias indicou a fato de ser necessário não perder de vista o fato de para o “cliente” a discussão em torno dos sistemas de informação não ter nenhuma relevância. Estes apenas pretendem ver a sua procura de serviços de transporte satisfeita da forma mais eficiente possível, a luz de uma lógica de “porta à porta” onde os portos são avaliados como peças dessa rede.

Referindo que o caminho que defende em relação à JUP se encontra um pouco à frente da “moda” europeia, designou como objetivo a atingir uma rede de plataformas de cooperação designada por Janela Única Logística, desenvolvida em torno de vários espaços comerciais onde os Portos constituem uma âncora, projetável para o espaço lusófono.

A Associação de Portos de Portugal (APP) desenvolveu o projeto Procedimentos e Informação Portuária Eletrónica (PIPE), através do qual reequacionou as atividades desenvolvidas nos portos, concretizadas numa segunda fase com a implementação de uma solução harmonizada nível nacional, através de duas plataformas de JUP.

O representante da APP finalizou estabelecendo como desafio para a APLOP a formalização de rede de cooperação das infoestruturas no domínio dos Portos representados na Associação, sem a qual não será possível desenvolver soluções que os clientes considerem uma mais valia para a sua atividade.

POR LUÍS SOUSA
 

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