Pescas

Já existe software para acabar com a pesca acessória

Com o objectivo de diminuir as capturas acessórias de espécies, de que resulta a morte de algumas que estão muitas vezes em vias de extinção, uma equipa de cientistas desenvolveu um software inteligente, denominado EcoCast, que, se for actualizado diariamente, permite identificar áreas de conservação. Uma identificação que é naturalmente difícil actualmente devido ao dinamismo do fundo marinho, resultante da ondulação, das marés e dos movimentos tectónicos.

Da autoria de Elliott Hazen, cientista do National Oceanic & Atmospheric Association (NOAA), dos Estados Unidos, e de uma equipa de outros investigadores, o software poderá ser ainda mais avançado, pois a equipa está a desenvolver uma aplicação para smartphones onde os dados, dinâmicos e em tempo real, poderão ser consultados. Os resultados do trabalho desta equipa foi publicado na revista Science Advance e o equipamento já está a ser usado por pescadores em certas zonas da Califórnia, nos Estados Unidos.

A diminuição de capturas de espadarte (espécie que serviu de cobaia ao desenvolvimento deste software) nos últimos anos, de 2.198 toneladas métricas, em 1985, para 176 toneladas métricas, em 2017, pode dever-se bastante à utilização de redes de malha que capturam inclusivamente espécies que não pretendem, como as tartarugas-marinhas do Pacífico, os tubarões-azuis e os leões-marinhos californianos, espécies em vias de extinção. Assim, o estudo, que teve em conta a temperatura da água, a profundidade da água, a turbulência e a quantidade de clorofila A (substituto para a quantidade de comida na área) foi levado a cabo para melhorar a sustentabilidade das espécies.

“Não se trata apenas de proteger espécies ameaçadas”, explica Gary Burke, pescador da Califórnia e membro dos pescadores comerciais de Santa Bárbara. “Os pescadores não querem as capturas acessórias. Até porque degrada o equipamento, que é caro. E o EcoCast, tendo em consideração uma série de variáveis ​​oceanográficas, possui um mapa que destaca áreas onde os pescadores provavelmente encontrarão altas concentrações de espécies-alvo e não espécies protegidas que não querem capturar”, conclui.

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