Ambiente

Som dos navios altera comunicação nos bacalhaus e nas arincas

Cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (National Oceanic and Atmospheric Adninistration, ou NOAA), dos Estados Unidos concluíram que o ruído dos navios está a reduzir a distância necessária à comunicação nas populações de bacalhaus e arincas em locais de desova situados no Golfo do Maine, refere o Maritime Executive.

De acordo com o estudo científico, publicado na Nature Scientific Reports, segundo o Maritime Executive, o efeito desse ruído na comunicação dos peixes reflecte-se no comportamento diário destas espécies, de importante valor comercial e ecológico, afectando a sua alimentação, socialização e acasalamento, designadamente nos períodos biológicos críticos.

Para o seu estudo, os cientistas analisaram três locais de desova na Baía do Massachussets durante três meses. Ao longo desse período, gravaram a vocalização das espécies durante a desova e notaram variações frequentes nos sons produzidos pelos peixes, que consideraram estar relacionadas com a actividade dos navios.

O raio de alcance dos sons produzidos pelos peixes variou de 4 a 70 pés (entre 1,2 e 21 metros) e revelou-se fortemente condicionado pelo número de navios identificados num raio de 10 milhas náuticas medido a partir dos locais de gravação.

Segundo refere o Maritime Executive, o som ambiente inclui vocalizações de animais, ruídos do vento e da água, actividade geológica e sons produzidos pela acção humana na navegação marítima e na construção. Sucede que muitos animais marinhos orientam-se pelo som ambiente para a sua deslocação, escolha de habitats, escolha de local para se alimentarem, socializarem ou acasalarem.

A publicação refere ainda que a exposição crónica a este som ambiente é uma das principais causas susceptíveis de alterar o comportamento dos peixes. Se a comunicação entre os membros da espécie for mal compreendida, por perda de sons, pode estar comprometido um diálogo relacionado com rituais de acasalamento ou proximidade de predadores, por exemplo, e isso colocar em causa a multiplicação ou a própria sobrevivência das populações dessas espécies.

De acordo com um cientista citado pela publicação, à medida que aumentam os ruídos nos oceanos, como tem sucedido nas últimas décadas, aumentam as preocupações com o impacto da acústica nas populações marinhas, de invertebrados a mamíferos, até porque ainda está muito por conhecer sobre o grau de adaptação de determinadas espécies a esses ruídos.

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